terça-feira, 15 de setembro de 2020

ANGÚSTIA

 

                                                                                                                 (Agnes Cecile)


                              Seduza-me, vida minha,
                              como outrora o fizeste,
                              despudoradamente.

                              Mostra-me caminhos
                              que me chamem
                              a por eles passar, 
                              sem me preocupar com a dor
 
                              Seduza-me, vida minha,
                              como sabes tão bem fazer.

                              Sacuda-me, sacuda-me,
                              para que me possa livrar 
                              dos espinhos,
                              ora arraigados ao meu ser
 
                              Seduza-me, vida minha,
                              outra vez mais,
                              pintando alegrias
                              em meus amanheceres e
                              devolvendo-me o prazer
                              de ignorar as interrogações
 
                              Seduza-me, seduza-me!
 
                              Afasta de mim o incômodo silêncio
                              dos dias vazios,
                              a sensação de apenas ser
                              um fantasma 
                              a percorrer conhecidos espaços,
                              ou uma estátua  que colocaram no sofá,
                              em abandono
 

                                                                    Marilene




36 comentários:

  1. Querida Marilene, me deu um nó agora, é assim que muitos brasileiros e outros povos estão se sentindo, o que você diz nesse belo poema, essa angústia, está em mim também, não sabemos mais o que fazer, o que pensar. Parece brincadeira, mas quando pensamos que tudo vai correr melhor, lá vem uma bomba; saímos dela, meio capengas, e lá vem outra maior! Também estou cansada, amiga, mas aguentarei, não temos escolha. Esse poema serve para muitas dores! Li e fiquei meio parada, olhando, mastigando cada palavra. E que obra, heim?? Maravilhosa!
    Aplausos sempre pra você!
    Beijo, cuide-se...

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Tais, querida, a angústia permeia nossos dias. Ora nos esquecemos dela, porque a vida assim o exige, mas ela insiste em voltar. Nossos sonhos estão presos e sentimos uma grande necessidade de os libertar. Você é um encanto, como já lhe disse antes. E me deixa feliz e estimulada com seus comentários. Obrigada. Bjs.

      Excluir
  2. A linda forma enleante da sua escrita empresta um look misterioso e sedutor ao poema.
    Gostei
    😊

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Propositadamente, nada mencionei de concreto, além da angústia e da falta de sedução que a vida ora insiste em manter. Obrigada, poeta.

      Excluir
  3. Boa noite querida Marilene,

    Seu poema diz com todas as letras e de forma elegante e poética a angústia da nossa vulnerabilidade que ora vivemos.Receba meus aplausos para os soberbos versos...Sacuda-me!!!

    Bjss!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Essa vulnerabilidade ficou totalmente exposta, Diná. E ficamos sem saber como preencher as lacunas de cada dia. Obrigada, querida. Bjs.

      Excluir
  4. Boa noite, Marilene.

    A elegância da tua escrita instiga-nos a continuar a ler, refletir e sentir cada poema teu.

    Bela descoberta para mim!

    Abraço!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Alexandre, é uma honra para mim receber sua visita. Sei que advogados ficam, quase sempre, presos à linguagem técnica e às questões práticas que envolvem disputas. A poesia sempre foi minha válvula de escape rss. Muitíssimo obrigada pela gentileza. Aliás, ela mora em sua família. Abraço.

      Excluir
  5. Tu és demais,Marilene! Todos estamos assim e tenho a sensação de medo que ao sair lá fora novamente, não sinta a alegria de antes e sim medo... Uma angustia bem explicável, creio! Lindo te ler! bjs, chica

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Chica, o lá fora tem, hoje, um revestimento que nos causa medo, realmente. Creio que não conseguiremos mais percorrer, livres e soltos, nossos caminhos. Espero estar errada, já que tudo passa. Grande beijo, minha amiga!

      Excluir
  6. Esta também é minha dor.
    Até quando esta angústia e este não saber continuará entre nós?
    Lindo seu poema cara amiga e grata por sua doce visita, beijinhos.

    ResponderExcluir
  7. Muito obrigada, Francisco. Abraço para você e Idalina.

    ResponderExcluir
  8. Teresa, tenho ido lá e percebo que não está tão presente, quanto antes, em sua casa adorável. Muitos têm-se afastado desse nosso mundo especial.
    Obrigada pelo carinho de suas palavras. Bjs.

    ResponderExcluir
  9. …e todos os medos se instalaram
    roubando os dias livres dos abraços…
    gostei muito deste seu poema, onde
    senti essa angústia dos tempos.

    p.s. - se for possível, gostava de saber
    se a Marilene e' a mesma dos tempos do google+ e da amiga Eliana Martins (SP).

    Um beijo amigo

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Luís, sou da época do google+ e sua seguidora há muito tempo. Fiquei ausente por alguns anos rss. Agora, retornando, tenho visitado os antigos amigos e percebo que alguns já nem se lembram de mim, como não me recordo da Eliana Costumava memorizar os blogues pelo nome deles. O o meu era Momentos Fragmentados, atualmente fechado.
      Esses contatos,ora de nós roubados, nos causam dor. Abraço.

      Excluir
  10. Temos de fazer para sermos sempre seduzidos pela vida, se ela teimar em não nos seduzir sejamos nós a seduzi-la.
    :)

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Na lentidão dos dias que ora vivemos, ficamos longe da sedução rss. Bjs.

      Excluir
  11. Boa noite de muita paz, querida amiga Marilene!
    Saio por aqui num horário que quase não tem pessoas e se não e o medo do bicho...
    E onde vir alguns delinquentes.
    Fico tão atenta ao arredor...
    Estamos perseguidos pela angústia, amiga, de muitas formas
    Seu poema está belíssimo em todos os sentidos.
    Tenha dias abençoados!
    Bjm carinhoso e fraterno

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Tudo pede cuidado, Roselia. Se antes ele já era necessário, agora então!!! Bjs.

      Excluir
  12. Olá, querida amiga poetisa.

    As vezes que é justamente nos momentos de angústia, que saem lindos versos. No entanto, vamos ficar no jogo de sedução com a vida, e tudo de bom que ela pode nos oferecer, não é verdade ? Desde já, parabenizo pela sua poesia, e todo conteúdo de blog. Já sou um seguidor desse lindo espaço viu ?

    Abraços querida,
    Dan
    https://gagopoetico.blogspot.com/

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Esse é um jogo do qual não devemos nos esquivar. Muitíssimo obrigada pela gentileza de suas palavras. Seu espaço é encantador, poeta.

      Excluir
  13. E quem não gosta de ser seduzido...?
    Magnífico poema, gostei muito.
    Bom fim de semana querida amiga Marilene.
    Beijo.

    ResponderExcluir
  14. Olá Marilene!
    Lindo o teu poema! Viver é muito mais que existir! Não basta existir, é preciso viver! Temos de desfrutar tudo quanto a vida tem para nos dar, sem hesitações!
    Deixar que a vida nos seduza. Sempre!...

    Um bom fim de semana!
    Abraços!
    A.S.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. A vida é movimento e precisamos que dance conosco. Obrigada! Abraço.

      Excluir
  15. Preencher a vida, dar-lhe sentido e substância, eis o constante desafio.
    Bem formulado!

    Abraço

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Um real desafio, principalmente quando ela nos faz parar e nos limita os movimentos. Abraço.

      Excluir
  16. Pungente clamor percorre os versos, as veias, a alma flamejante da poetisa...atenda,ó vida, faz também meu, este clamor!
    Palavras totalmente oportunas e poéticas, Mari.

    Bjsss,
    Calu

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Calu, querida, estamos todos a pedir que ela nos seduza novamente. Que isso não demore. Bjs.

      Excluir
  17. Por vezes, a vida enche-se de silêncios e deve seduzir-nos sempre... Para que haja alegria...
    Obrigada pela visita
    Beijos e abraços
    Marta

    ResponderExcluir
  18. Uma súplica de retorno a Amores que marcaram a Alma. O silêncio, muitas vezes, torna-se uma espécie de espinho e... dói.
    Poema magnífico. Parabéns.


    Beijo
    SOL

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Quando nossos anseios parecem-nos irrealizáveis, buscamos a razão da angústia. Hoje, sei o que a causa. Bjs.

      Excluir
  19. Amiga Marilene

    um poema que é um éspecie de oração feita à vida que nos trouxe tempos bons e harmoniosos e que agora só traz, medo e silencios neste tempo estranho e desorientado,
    um poema muito actual e que coloca o dedo na ferida deste virus que não nos quer deixar e que gosta de calor e frio.
    resta-nos a esperança...
    bom fim de semana
    beijinhos
    :)

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Estamos todos envolvidos nesse tempo nebuloso, aguardando o sol. Lindo final de semana também para você. Bjs.

      Excluir