quarta-feira, 30 de março de 2016

FRAGMENTOS DE UM RITUAL

(Jagannath Paul)



Estão úmidas as mãos
pela ansiedade,
está adormecida a razão
pela vontade

A espera plantou sonhos
de primavera
antevendo as flores
e o perfume,
as curvas e as retas do caminho...
o ninho

Passos e vozes
já podem ser ouvidos
em êxtase
porque se encontram sintonizados
os quereres
que os corpos abraçam
com melodia

O ritual do encontro,
tão desenhado pela luz do olhar,
já pode continuar


              Marilene





quarta-feira, 23 de março de 2016

SENTIMENTO QUE É VIDA

(Zurab Martiashvili )




Um sentimento
um só
e não importa como chegou,
se no desengonçado de um rabisco
 se num esboço bem feito
se nas asas da arte perfeita
de uma tela completa,
se trazido pelo vento
se abraçado no escuro de um beco
carregando a proteção...
nada importa,
desde que faça pulsar
 o coração

Um sentimento
um só
capaz de engolir o silêncio
desabotoar os sorrisos
 provocar a  elétrica dança
da felicidade

Um sentimento
um só
véu dourado que abarca
todos os outros 
colorindo momentos e
    traduzindo o prazer maior
da vida ...

o AMOR



                        Marilene





sábado, 12 de março de 2016

O VERSO DOS VERSOS

(Loui Jover )




Existe um eu
nos versos que eu escrevo
e um outro eu
no verso das palavras,
observando as versões
explanadas
de vida, de sentimentos,
de olhar

Existe um eu transmutado
para a folha em branco
que pede
preenchimento ...
se falseado, domado,
estudado, costurado,
talvez sentido ...
quem o vai saber?

Existe um eu
nos versos que eu escrevo,
um eu que não sou eu
a habitá-los,
mas que leva em seu corpo
a cor de minhas entranhas
através de expostas tramas
que estranhos
nelas desenharam

Mas não são todos
espelhos de minh'alma?


       Marilene






domingo, 6 de março de 2016

LOUCA DESPEDIDA

(Taras Loboda)




Abraçou a saudade
para a derradeira dança,
ao som de conhecida melodia

Rodopiou nas lágrimas
divagou na fantasia e,
na insanidade do momento,
amou, à exaustão,
a companhia do tormento

E foi assim,
com os olhos fechados,
que mergulhou, pela última vez,
no mar da tristeza,
despedindo-se, magistralmente,
do passado


      Marilene